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terça-feira, 24 de agosto de 2010

PUDIM


Por Martha Medeiros


Não há nada que me deixe mais frustrada


do que pedir Pudim de sobremesa,


contar os minutos até ele chegar


e aí ver o garçom colocar na minha frente


um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido. Um só.






Quanto mais sofisticado o restaurante,


menor a porção da sobremesa.


Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,


comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa


com direito a repetir quantas vezes a gente quiser,


sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.






O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.


A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca,


de aventuras pela metade.


A gente sai pra jantar, mas come pouco.


Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.






Conquista a chamada liberdade sexual,


mas tem que fingir que é difícil


(a imensa maioria das mulheres continua


com pavor de ser rotulada de 'fácil').






Adora tomar um banho demorado,


mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.


Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,


mas tem medo de fazer papel ridículo.


Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,


esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar.






E por aí vai.


Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',


tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...


Aí a vida vai ficando sem tempero,


politicamente correta e existencialmente sem-graça,


enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...






Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.


Deixar de lado a régua,


o compasso,


a bússola,


a balança


e os 10 mandamentos.






Ser ridícula, inadequada, incoerente


e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.


Recusar prazeres incompletos e meias porções.


Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou


e disse uma frase mais ou menos assim:


'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'....






Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,


podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim,


bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados,


a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.


Um dia a gente cria juízo.


Um dia. Não tem que ser agora.






Por isso, garçom, por favor, me traga:


um pudim inteiro,


um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order',


uma caixa de trufas bem macias


e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK?


Não necessariamente nessa ordem.


Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago .
 
 
Ressalvas: No meu caso garçom, prefiro meu marido mesmo, que ainda é e sempre será minha escolha nº 1, e quero as trufas brancas e de maracujá!!! hum.....

2 comentários:

  1. Pois é amiga... pra ficar perfeito tb troco o Richard Gere pelo Mo Bem e as trufas por "olho de sogra" (adoooro!!!)...Tem dias que isso é tudo q precisamos ouvir né?...e colocar em prática...bjins Carol

    ResponderExcluir
  2. Verdade.....precisamos nos dar esse direito....são tantas convenções....por ao menos um dia podemos chutar o balde kkkk
    Obrigada pelo carinho miga!!! bjooos

    ResponderExcluir

Fiquei super feliz com sua visita!!!
Obrigada!! Volte Sempre!!

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